Governo de São Paulo cria força-tarefa para apurar intoxicação por metanol
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou nesta terça-feira (30) a criação de um gabinete de crise para coordenar as ações contra a adulteração de bebidas alcoólicas que já mataram ao menos três pessoas no estado.
Segundo Tarcísio, o gabinete de crise vai ser composto por representantes da Secretaria de Segurança Pública e da pasta da Saúde.
Uma das ações do grupo será a interdição cautelar de todos os estabelecimentos onde as bebidas adulteradas foram consumidas pelos casos confirmados ou suspeitos de intoxicação.
"Há, de fato, um problema estrutural que não é só do estado de São Paulo, é do Brasil.
Temos que pensar como fazer a fiscalização e diminuir a incidência dessas bebidas adulteradas, clandestinas.
É um problema de saúde pública e econômico", afirmou o governador paulista.
Segundo ele, a partir da interdição cautelar, as investigações vão ser aprofundadas.
Serão cruzadas informações da Polícia Civil e da Secretaria de Fazenda para, principalmente, detectar a origem. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, em entrevista coletiva nesta terça-feira (30), ao lado das autoridades da Segurança Pública e da Saúde. Reprodução/TV Globo "Quem comprou de quem, de onde está saindo essa bebida adulterada, quem são os fraudadores?", explicou. A intenção é, a partir daí, chegar nos distribuidores e saber quem está fornecendo essa bebida adulterada para ver se o problema está em outro elo da cadeia ou se no estabelecimento que está comprando material sem comprovação de origem, sem uma procedência correta. O governo de SP também diz que cinco inquéritos policiais já foram instaurados para investigar a morte das cinco pessoas que, segundo as autoridades do estado, estão sob suspeita de intoxicação.
No total, o estado de São Paulo tem 22 casos em investigação por intoxicação por metanol.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta terça que foram confirmadas cinco mortes por intoxicação por metanol.
Uma delas já foi comprovadamente causada pelo consumo de bebida alcoólica adulterada.
As outras quatro seguem sob investigação. Investigação da PF Lewandowski: PF vai abrir investigação sobre casos de intoxicação por metanol Mais cedo, em Brasília, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, informou que a Polícia Federal abriu uma investigação para apurar a origem do metanol usado para batizar bebidas alcoólicas no estado de São Paulo.
Segundo ele, é possível que essa rede de distribuição da substância atue também em outros estados. O metanol é altamente tóxico e pode levar à morte.
No estado de São Paulo, seis casos de intoxicação foram confirmados, incluindo três mortes, e dez estão em investigação.
Um outro foi descartado.
De acordo com o Ministério da Saúde, não há indícios de novos casos.
A PF disse que não foi identificada uma marca ou importação específica. 👉 Como ocorre o batismo das bebidas: Falsificadores pegam as garrafas de marcas famosas de bebidas alcoólicas, como gin e vodca, e adulteram o conteúdo, acrescentando metanol.
Em seguida, o produto é comercializado.
Ao ingerir a bebida contaminada, as pessoas podem levar várias horas para apresentar os primeiros sinais de intoxicação, que incluem cólica muito forte e perda de visão.
Na segunda-feira, determinamos ao dr.
Andrei Rodrigues, diretor-geral da PF, que abrisse um inquérito policial para verificar a procedência dessa droga e a rede possível de distribuição que, ao tudo indica, transcende o limite de um único estado.
Tudo indica que há distribuição para além do estado de São Paulo. Segundo ele, o "número elevado e inusitado" de intoxicações por metanol em São Paulo chamou a atenção porque foge do padrão, pois, normalmente, a ingestão da substância ocorre por pessoas em situações de vulnerabilidade. Diante desse cenário, um sistema do governo federal que recebe informações de todo o país quando há intoxicação por causas desconhecidas emitiu um alerta nacional. No sábado (27), a Secretaria de Defesa do Consumidor divulgou uma nota técnica para todos os estabelecimentos que vendem bebidas alcoólicas para tomarem cuidado com bebidas que pudessem estar contaminadas - atentando, por exemplo, para rótulo ou embalagem com aspecto diferente. A fiscalização já começou: os estabelecimentos onde se identificou que havia bebida contaminada vão receber notificação do Ministério da Justiça para descobrir os fornecedores, quem manipulou as bebidas e que tipo de bebida as vítimas consumiram. 'Tudo indica que há distribuição para além o estado de SP', diz Lewandowski sobre contaminação de bebidas por metanol Situação 'anormal' Os casos recentes em São Paulo chamaram a atenção das autoridades. "O país costuma ter 20 casos por ano de intoxicação por metanol.
A partir de setembro, foi quase metade das notificações que costumam ter no ano e concentrado apenas em São Paulo, o que chama atenção", disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, acrescentando que se trata de uma situação "anormal". Ele explicou que o Ministério da Saúde vai publicar uma nota técnica definindo o que é um caso suspeito ou não e esclarecendo os sintomas para orientar os profissionais de saúde sobre como identificar e agir nessas situações. Segundo ele, a notificação de caso suspeito não precisa esperar o fechamento do diagnóstico. No total, o país tem 32 centros de informação e assistência toxicológica do SUS em todos os estados, onde a população pode usar esses serviços e buscar ajuda. Padilha sobre intoxicação por bebidas: 'Situação anormal' PCC investigado O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, não descartou a possibilidade de ligação do crime organizado com a adulteração de bebidas alcóolicas com metanol, indo na contramão do secretário da Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite (PL).
Rodrigues explicou que investigações recentes sobre a cadeia de combustível mostraram que há um esquema que passa pela importação de metanol pelo Paranaguá e que, por isso, há a necessidade de entrar nesse caso.
"A investigação dirá se há conexão com o crime organizado", disse o diretor da PF. infográfico metanol - vale este Arte g1